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Convidada: Renata Watanabe
Compartilho com vocês hoje a história da Renata Watanabe, que é biomédica e mãe do Luca. Ela optou por postergar o retorno ao mercado de trabalho e aproveitar o primeiro ano de vida do seu filho ao lado dele. Tive o prazer de atende-la com o programa Upgrade na carreira e apoiá-la nos processos seletivos que participou.
A conversa de carreira com Marina de hoje fala sobre um tema que é importante para muitas mulheres e é pouco tratado de forma aberta e prática: o retorno da licença maternidade.
Após me tornar mãe me surpreendi com o número de mulheres que ainda não tem filhos e quiseram conhecer a minha experiência de maternidade e trabalho. Dentre as várias angústias, ouço perguntas como: e se eu não quiser voltar a trabalhar após a licença, o que eu vou fazer? Depois eu consigo voltar para o mercado de trabalho? Vou ser mal vista?
A verdade é que todas as escolhas tem seus prós e contras e para todas elas há possibilidades de fazer dar certo depois.
Se você pretende ter filhos e quer realizar um planejamento de carreira para este momento ou ainda está fora do mercado de trabalho, seja pela licença maternidade ou outras questões, conheça os programas de orientação de carreira e recolocação profissional.
Vamos para a conversa:
Marina: Rê, conte pra gente como foi a sua trajetória de carreira.
Renata: Eu me formei em biomedicina e minhas primeiras experiências foram em âmbito acadêmico. Fiz estágio no Instituto Butantã e iniciação científica na Unifesp. Depois comecei a trabalhar como estagiária no Aché Laboratórios Farmacêuticos, na área de documentação científica. Nessa área corrigia materiais promocionais de marketing e auxiliava o pessoal de pesquisa clínica na escrita de documentos para estudos de medicamentos novos em humanos. Depois fui para a área de pesquisa, desenvolvimento e inovação, lá gerenciava os projetos de medicamentos novos, conduzindo estudos incipientes, como em células e em animais. Foi uma trajetória bem rica, pois aprendi o todo de desenvolvimento dos medicamentos, desde o início até os estudos em humanos.
Em seguida eu foquei na minha trajetória acadêmica e concluí o mestrado na Unifesp, no mesmo departamento em que fiz a iniciação científica. Depois prestei consultoria para uma empresa com escrita científica e regulatória. E, na sequencia, entrei na Biolab, na área de inovação, cuidando de estudos em desenvolvimento, redação de relatórios regulatórios para a Anvisa, modelo FDA e para o Canadá. Aprendi mais sobre o mundo regulatório, além do Brasil, incluindo Estados Unidos e Canadá. Nessa mesma empresa mudei de área e fui para assuntos médicos, em que eu acompanhava todos os projetos em desenvolvimento e respondia diretamente para a diretoria ou vice presidência, além de ter contato com os principais acionistas. Foi desafiador e aprendi bastante sobre gestão de projetos, orçamento e novas formas de organização. Foi nesta empresa que fiquei grávida, tirei a licença maternidade e resolvi estendê-la por mais um período. Atualmente estou na Libbs, como Especialista de Informações Médicas.
Marina: E como foi a decisão de não retornar ao mercado de trabalho de imediato e passar mais tempo com o seu filho?
Renata: A decisão de postergar o retorno ao mercado não foi fácil, mas eu fiz os prós e contras e analisei o custo-benefício. Não foi de um dia para o outro, teve muito planejamento e foi uma decisão familiar.
Era um período que eu queria ficar próxima do meu filho Luca. Seria uma fase de muito desenvolvimento, como o início da introdução alimentar, ele iria começar a engatinhar, interagiria mais, é um período muito gostoso e eu queria vivenciar isso ao lado dele, porque esse período não volta mais. Retornar ao mercado seria difícil também por uma questão de logística, eu sairia de casa muito cedo e voltaria muito tarde. Analisando os pós e contras, optei por “estender” a minha licença maternidade.
Além disso, eu tenho o sonho de continuar a construir a minha carreira, mas eu também tenho o sonho de ser mãe, então queria vivenciar essa fase da melhor forma possível. Eu reconheço que é um privilégio por sermos uma família financeiramente estável, então aproveitei a oportunidade de vivenciar a maternidade, que era um sonho de vida.
Eu consegui aproveitar o primeiro ano do Luca muito bem. Também pensei que não queria ficar muito tempo longe do mercado de trabalho. Meu receio era ficar desatualizada e ter dificuldade de encontrar outras vagas. Além disso, a questão financeira era muito importante, pois eu tinha um planejamento de ficar um tempo específico longe do mercado.
Quando o Luca completou um ano eu pensei que era o momento de voltar a buscar oportunidades e decidi passar pelo processo de consultoria de carreira.
Marina: E como você acha que a consultoria de carreira te ajudou?
Renata: Eu decidi buscar a consultoria porque estava muito reflexiva em relação à minha vida e ao trabalho, porque a maternidade mudou tudo. Eram muitas coisas para refletir porque eu estava fora do mercado de trabalho e gostaria de voltar a atuar na área que eu gosto, em um formato remoto para conciliar as demandas da vida profissional com a maternidade, ter mais qualidade de vida e motivação. Na minha cabeça eu não estava conseguindo organizar essas informações e montar um passo a passo para retornar ao trabalho nessas condições.
Eu fiz o programa Upgrade na carreira e foi bom, tanto profissionalmente, com a preparação para a entrevista, currículo, Linkedin, quanto no nível de apoio psicológico e acolhimento. Como eu estava com a autoestima baixa, apareciam vagas de analista sênior ou especialista e eu não me sentia pronta ou boa o suficiente para concorrer a essas vagas.
Na consultoria fui entendendo o meu perfil e experiências e ganhando confiança para concorrer a essas vagas, que eram as mais adequadas de acordo com a minha senioridade, experiências e estudo. Em todos os processos seletivos que eu fiz após a sua consultoria, eu utilizei o currículo e Linkedin atualizados, mudei a forma de me apresentar nas entrevistas, passei a trazer os meus resultados e expor melhor a minha experiência. Após atualizar o meu Linkedin, duas empresas também me abordaram.
Em julho desse ano eu entrei na Libbs e era o que eu buscava: um trabalho na área que eu gosto, que é bem científica e técnica, como o meu perfil, em um cargo de especialista e em home office, para que eu pudesse conciliar com a maternidade.
Hoje estou feliz no meu momento de carreira e tenho vários desafios para o futuro.
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Marina: Como a maternidade afetou a forma de olhar o trabalho?
Renata: Em muitos aspectos! Quando eu era estagiária eu tinha muito o “sangue nos olhos”. Eu queria estar em todos os eventos, fazer muitos cursos, pós-graduações, mestrado, trabalhar aos finais de semana e além do horário. Essa era a minha visão de como ser uma boa profissional. Antes de ser mãe eu tive um burn out e foi um baque. Eu comecei a refletir em como eu estava trabalhando e lidando com o equilíbrio na minha vida.
E o segundo baque profissional foi justamente a maternidade e você deve saber, né Má?
Isso muda a sua noção de tempo. Hoje a prioridade é a minha família, é o Luquinha. Ele ainda é um bebê, precisa muito de nós. Eu não tenho tanta rede de apoio, mas mesmo se tivesse, eu acho que eu e o Eric como pais, precisamos dar muito suporte ao Luca em tudo, tanto físico quanto psicológico.
Eu brinco que eu tenho vários empregos. É o emprego Luca, o meu trabalho, a saúde mental, física, amizades, tudo.
Eu continuo muito dedicada ao trabalho, entregando as coisas dentro do prazo, correndo atrás mesmo, só que hoje eu tenho maior equilíbrio. O meu segundo emprego é o Luca, então, no período da noite fico com ele. Quero continuar participando do desenvolvimento dele e acompanha-lo sempre. A distribuição do tempo mudou muito.
Marina: Quais foram os principais aprendizados como mãe que você levou para a carreira?
Renata: O primeiro foi paciência. Eu quero as coisas para ontem. Mas quando temos um filho, precisamos respeitar o tempo dele, ter paciência e abrir mão do controle. Isso eu uso no trabalho. Antes eu era mais imediatista no trabalho em termos de processos, hoje eu consigo me estressar menos e reconhecer que eu não tenho o controle sobre tudo. Por mais que eu faça o planejamento, às vezes acontecem coisas que precisamos improvisar. Eu era mais quadrada, se não acontecesse do jeito que eu imaginava eu ficava muito frustrada. Hoje eu consigo focar no agora e resolver as coisas no presente. Por exemplo, deu algum problema no projeto, já foco na solução, minimizar os riscos e me adaptar rapidamente. Antes eu planejava o meu dia e queria que fosse daquele jeito, hoje eu consigo responder na hora, de acordo com o que acontece.
Marina: Muito obrigada, Re! Foi ótimo conhecer um pouco mais sobre o seu trabalho e sua experiência como mãe. Desejo muito sucesso no seu novo desafio e que você continue cultivando todos os seus sonhos de maternidade, carreira e de outros aspectos também.